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. Saudades do que não foi bom .


Eu sinto saudades sim, e daí? Que mal há nisso? Quer dizer que só se sente saudades do que foi bom? Não, comigo não é assim. Eu sinto saudades das grosserias, dos dias que me deixou esperando. Sinto saudades das crises de ciúmes e das conversas fúteis infindáveis que não faziam sentido e acabavam em discussão. Também sinto falta dos esconderijos (não sei por que eu era mantida em segredo), era como voltar à pré-adolescência. Eu sinto falta disso tudo, e odeio que me julguem por isso. Não é só por sentir saudade do que não é convencional que eu não me dê o valor, ou não tenha nada melhor pra sentir saudade. Porque na verdade, do que eu sinto falta mesmo, não são das brigas, ou da falta de sensibilidade daquele ser que se dizia racional. Eu só sinto falta da companhia. Todas essas crises e essas coisas que ninguém quer viver, só acontecem quando se tem alguém do seu lado, sendo você amada ou não. Não viver crises de ciúmes, não brigar pelo canal na TV, pela toalha molhada na cama ou pelos sapatos espalhados pela casa quer dizer que não tem ninguém além de você e suas crises existenciais. Quer dizer que estou só. É ruim acordar e não ter pra quem dar bom dia, ou pra quem pegar o jornal na porta, Não ter pra quem preparar o café, com quem se preocupar. Eu não me acostumo em passar o dia inteiro ouvindo ‘Love is a losing game’ e ter que creditar nisso, porque eu joguei e perdi. E a idiota da Amy winehouse, que eu quase venero, faz essas musicas que eu adoro só porque ela é mais uma mal amada na terra. Mal amada, é como estou me sentindo agora. Não é justo, não pode ser justo. Deveria ser proibido se viver só.
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- Jenny Guimarães -

. Não sei dizer 'Te amo' .


"Quando a gente conversa, contando casos, besteiras,
tanta coisa em comum deixando escapar segredos
e eu nem sei que horas dizer, me dá um medo!
Que me medo!
É que eu precio dizer que te amo,
te ganhar ou perde sem engano
eu preciso dizer que te amo tanto..."

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Você quis tanto ir embora e eu não sei por que não insisti que você ficasse. Eu sabia que você só queria ouvir de mim que eu te amava, mas meu orgulho dilatava e impedia que eu dissesse: “fica por favor, eu te amo”. Você queria ir e eu não queria mostrar a inferioridade de quem é deixada pra depois. Eu não queria me humilhar. Eu queria me mostrar como sempre fui, cercada por uma muralha que assusta a todos que se aproxima. Aquela superioridade que fingimos ter pra não sairmos perdendo de uma relação. Mas amor não é um jogo em que as pessoas ganham ou perdem e eu não entendia isso. E agora nem a insegurança de estar só me une a você. O passado insiste em corroer meu futuro e eu permaneço de mão atadas, inerte a qualquer reação. Não tenho mais suas alegrias, suas sandices nem sua mania de falar da vida alheia. Perdi meu brilho, aquela magia que me rodeava e o meu futuro se tornou um ponto de interrogação. Eu não quero me conformar com essa situação, também não quero te forçar a voltar. Reconheço que te deixei livre para ir, permiti que você partisse pensando somente em mim e na minha fortaleza, pensei tanto em mim que esqueci que eu tinha me tornado mais você do que eu mesma, e você indo embora eu não seria mais ninguém. Fui tão egoísta que esqueci de lembrar da sua vida e do ar que você me fazia respirar. Mesmo sendo o exagero uma característica minha, não usei de hipérbole dessa vez. Não precisei pôr em evidência todo esse meu caso desequilibrado causado pela sua falta. E com os olhos ainda molhados e vermelhos, me olho no espelho e vejo refletido nele a única culpada por meu sofrimento. Aí eu penso: “ah, seu eu tivesse arriscado mais”, “se eu tivesse falado logo a verdade”, “se eu não fosse tão medrosa” podia ser tudo diferente eu sei, podia sim. Podia estar junto de você desfrutando do tempo que agora você vai dedicar a coisas menos importantes do que eu.
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- Jenny Guimarães -

. Amor não é um Jogo .

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Você foi mais um que conseguiu me ter na sua lista de conquistas e vitórias por knock-out. Mas agora o jogo acabou pra nós dois! Nos momentos finais e mais eletrizantes da partida, quando eu já estava te declarando vencedor, rendendo-me à minha derrota, você preferiu pular fora! Não que isso tenha sido ruim, eu até achei bom, pela primeira vez eu não perdi nesse jogo de sedução. Pela primeira vez não me rendi aos seus pés como você esperava que eu fizesse. Tudo bem, eu acabei sozinha mais uma vez, mas não te dei o gostinho de sentir o prazer da vitória. Não te ofereci a chance de desfrutar de mim e de toda a minha alegria, não teve a chance de ver o meu sorriso sincero de felicidade pela manhã nem pôde sentir a primeira sensação do meu cheiro de bergamota e pêssego após o banho nem a minha intrigante personalidade de noz moscada com aquele toque final de sândalo com baunilha. Não. Deixei contentar-se apenas com a minha indiferença. O que até certo ponto não fazia diferença pra você, porque você não estava sozinho, tinha sua namoradinha chata que não largava do seu pé e te ligava a cada vinte minutos te fazendo perguntas e acusações, e te deixava preso, até que tudo entre vocês também terminou e você se viu assim, como está agora, completamente. Você não aguenta a sua solidão e o meu desprezo e não tem mais como se refugiar nos braços daquela que te fazia de cachorrinho. E eu me mantenho sempre assim. Sempre ali, sempre por perto, sempre na minha, te deixando livre pra escolher, sem te cobrar nada, sem pedir nada, sem exigir sua atenção, sem perguntas. O que me tornou seu vicio. Eu sou seu ópio, sou tudo o que você quer e o que precisa, e por mais que você não admita isso, isso te corrói. Não que eu brinque com você e com sua fragilidade, mas também não vou negar que ver você chorar me faz rir.
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- Jenny Guimarães -

. Meu Futuro Presente-Passado .


Quem eu fui não interessa mais. Quem eu sou, eu já nem sei. Sei que mudei. Sei que não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado. Sei que até hoje tenho sobrevivido a tudo, exatamente tudo o que impõem tudo o que já me tirou o fôlego, tudo o que eu acho feio e a tudo que já me fez chorar. Quem eu vou ser por daqui em diante, também não quero saber. Pode ser que daqui a algum tempo, haja tempo pra eu ser muito mais que um simples ser que faz tudo o que lhe impõem que perde o fôlego e que acha tudo meio feio, meio bobo, meio sem nexo e que chora por quase tudo.
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- Jenny Guimarães -

. Dispensando Gestos .

Ele me olhava e já dizia tudo. Eu apenas andava em sua direção e palavras não eram necessárias. Às vezes o olhar dele dizia coisas que eu preferia ouvir de sua boca, mas o cenário fica bem mais excitante quando se despensa o vocabulário. Suas mãos também me falavam muitas coisas. Cada toque me conduzia a um êxtase diferente de sensações sem tradução. Eu até entendia, mas não sabia explicar. Mas agora, dane-se eu olhar de promessas, O toque da palma de sua mão insistente, imprecisa. Dane-se nossa história, presente, passado e todo o futuro que eu ainda nem terminei de planejar com você!
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- Jenny Guimarães -

. Não quero mais acordar assim .

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Hoje eu acordei me sentindo só, me sentindo pó, igual a Jó. Hoje eu acordei me sentindo só. Meu Deus, tenha dó de mim, tô aqui sem saber pra onde ir ! Nem tudo tá legal, tá tudo mal, não consigo mais Te ouvir, hoje não tô nada bem, vejo tudo embaçado, tudo nebuloso ao meu redor. Vou fechar meus olhos, desligar de tudo pra ouvir Tua voz. Me leve pra fora da aldeia preciso Te sentir outra vez... Por favor, tenha paciência o caminho é estreito, eu tô na conta mão, Você é a pessoa certa, vou esvaziar o meu porão, jogar fora tudo que não é Teu. Nada mais! só quero Te ouvir! Preciso ouvir Tua voz, não quero mais acordar assim me sentindo , me sentindo , igual a Jó.
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. Eu prefiro Reticências ...



Certa vez um amigo me perguntou por que eu tinha o costume de usar reticências, e de modo realmente estranho, me dei conta de que eu nunca uso ponto final em minhas frases, sempre reticências... Durante esses instantes, como de costume, resolvi analisar-me. Assim como todo texto meu revela sempre com um toque ácido o universo em torno de alguma coisa ou alguém, pensei: Porque não revelar um pouco de mim, sem esses trechos picantes e sem essa falta de doçura- discreta? Porque afinal, nem tudo em mim é só ironia e nem tudo é indiscrição... Eu prefiro realmente as reticências... Prefiro porque de alguma maneira o ponto final me constrange. O ponto final mata minhas ilusões. É como se as reticências dessem uma continuidade a uma história ainda não terminada, uma história que eu posso fazer o final que eu quiser, e o ponto final apunhala pelas costas qualquer idéia de final feliz... O ponto final me dá medo e de alguma maneira as reticências me dão esperança, não encerram meu espetáculo cotidiano... E eu que não me contento com coisas pela metade adoro a idéia de que existe algo mais... Algo depois das reticências... Não acaba ali... Reticências adubam os pensamentos fazendo a mente voar... Estimulam a imaginação e esse sim se torna o barato dessa fantástica fábrica de sonhos... Reticências me inspiram, e me motivam a prosseguir essa jornada fascinante pelo mundo das palavras...
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- Por Jenny Guimarães -

. Eu só queria saber como .

- Por Jenny -
- Inpirado por Tati Bernardi -
- Baseado em Fatos reais -


Uma semana antes de ver os dois de mãos dadas como um casal de namorados perfeito, eu fiquei sabendo que eles estavam namorando. Aí me foi crescendo uma curiosidade, uma dúvida incrível que eu não suportei, liguei o computador e fui direto ao maior canal de informação e divulgação da vida alheia: o Orkut. E realmente ficou constatado. 'Namorando'. No Orkut dos dois estava escrito ‘namorando’, mesmo sem nenhum álbum do tipo “Eu e Ela”, “Amour” ou aquele mais comum ainda “Fulano de tal S2 Fulaninha de tal”. Não tinha nada. Nada de fotos nem depoimentos melosos que namorados costumam mandar pra se auto-afirmarem que amam eternamente até o dia em que tudo acaba, aí apenas um clique na palavra 'Excluir' acaba com o amor eterno. Mas mesmo assim estavam namorando. Como pode? Como? Justo ele. Ele que sempre quis ter todas e ser de nenhuma. Ele que sempre manteve e as teve em segredo. E eu fui uma delas. E eu me lembro dele ter pego todas as minhas melhores amigas. Depois disso, só me vinha à cabeça uma pergunta: Como?
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Eu tive que deixar um scrap, tive que perguntar, era mais forte do que eu. Ele simplesmente me respondeu uns dois dias depois, “ah, rolou”. Calma aí, só rolou? Simplesmente rolou? Quer dizer que namorar é fácil é somente ‘deixar rolar’. Porque eu não tinha pensado nisso antes? Porque eu apenas não deixei rolar ao invés de ficar implorando por sua atenção e ver você fazendo o papel do ‘Eu sou de ninguém’ e do ‘ eu sou de todo mundo’ ao mesmo tempo?
Era simples, amar era simples, era só deixar rolar. Eu não entendi muito bem o sentido simples do sentimento, aliás até agora não entendi se simples é deixar rolar ou se simples é amar. Não, isso não entra com tanta facilidade assim na minha cabeça. Amar pra mim sempre foi um desespero, um jogo e empurra-empurra, uma maneira de se apoiar em alguém pra não se sentir totalmente só. Pra mim, amar era uma berlinda, os sentimentos lá e eu com minhas coisas aqui. E nada mais. Porque diabos eu descobri através de você que amar é simples. E porque diabos isso me irrita tanto?
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Não aceito o fato de amanha estar dentro no meu carro, atrasada para o trabalho, pensando em como o concreto armado pode facilitar a construção daqueles edifícios à beira mar, olhar pela janela e ver meus ex-namorados, felizes, com suas respectivas mulheres grávidas andando pela orla, tomando água de coco, simplesmente porque ignoraram qualquer obrigação racional-sentimental e deixaram rolar. Eu falo de homens como se eu fosse um e até hoje não aprendi a lidar com eles. Falo de mulheres e das coisas que tornam nosso universo colorido e mesmo assim ainda não entendi onde eu entro nessa história de conselheira amorosa que precisa de uns conselhos. Mas eu não preciso de conselhos Droga! eu só quero que alguém me explique Como!!!