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. Muito é tão pouco .

Fica tudo muito pequeno diante da imensidão dos sentimentos. Quase não dá pra notar o que está à sua volta e o que torna seu mundo cada vez mais solitário. Quando a noite cai por completo ela se recolhe à sua indiferença e todo o resto passa a ser insignificante. Ela é especialista em sofrer as dores dos outros, mas também pudera, ninguém nunca sofreu por ela. A cada lágrima uma declaração tão grande de saudade, até mesmo do que nunca se foi. E se perguntarem o real motivo de tanta desilusão, não saberá responder nem explicar, já não se sabe nem mais onde ela está. Ela sabe daquilo que carrega consigo, que a faz renascer e dispertar.

Ele se sente tão pequeno perto de tanta sentimentalidade, ela é tão segura de si que mal dá pra notar que ele está à sua volta, tentando fazer o mundo dela  menos solitário. E quando a noite cai por completo ele se sente tão insignificante perante ela. Ele sofre as dores dela como se fossem suas, mas ela nunca percebeu, porque perdeu tempo demais sofrendo as dores dos outros e preferiu sofrer suas dores sozinha. Ele está ali o tempo todo, como se não fosse possível sentir saudades de que não foi. Ela sabe o que carrega consigo, mas não quer saber do que ele abriga no peito, um êxtase de sensações que ele prefere não demostrar, já que o muito que ele carrega se tornaria tão pouco perto da muralha que ela construiu acerca de si.

- Jenny Guimarães -