Páginas

. Pastéis de vento .



Nunca me contentei com nada. De certa forma, a constante vontade de tudo era motivo de orgulho, me tornava especial, inquietante. Até o instante em que que algumas coisas simplesmente não valem a pena. Não por serem pecaminosas nem por pertencerem ao terreno mimado da moralidade. Nem sequer se relacionam com consciência ou motivação menos racional, Nem por serem tristes ou cômicas. Não é isso. Apenas, essas coisas são grandes e atraentes pastéis recheados de vento, "Como vai você?" oferecido em esquinas barulhentas. Não sei quantas vezes errei por achar que esperar era estupidez. Paciência confundida com covardia. Ação era o que importava, e eu sempre seguia, no final, o prêmio pela empreitada. Mesmo não fazendo idéia de sua utilidade. E por isso joguei pessoas no lixo, Traí. Menti. E mesmo assim, agradecida aos céus por ser tão espontânea, passional. Hoje agradeço por ter aprendido que rogar atenção a quem não se importa não vale a pena. Ou pedir amor. Exigir amizade. Tomar porre de pinga ruim. Discutir com ignorantes. Paciência é a maior virtude, agora eu sei. Ainda bem que a tive para perceber que seu lugar é mesmo do outra lado da rua, com pessoas, falando sobre assuntos que em nada me interessam (por mais que eu tenha me esforçado). O Bom senso me devolveu a paz que quase perdi por recear aceitar que minha felicidade está na calma e não na sua cama. Sua infância mal ultrapassada. Seu armário trancado demais. Sua Falta de palavras. O Excesso de ausência. Tudo minou até a minha incrível capacidade de persistir: Não dá pra apostar o futuro numa mesa em que o maior prêmio é um orgasmo e um beijo na testa. Pra mim, você simplesmente não vale a pena.

Um comentário:

  1. Jeeenny!
    Adorei o texto.. parece até que foi pra mim.. rs.
    Te vi no blog do Gabriel! Vou te seguir.
    Beijão!

    ResponderExcluir