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. A Matemática da Vida .


Não sei por que, mas a matemática da vida não funciona muito comigo. Não tem como colocar meus problemas numa maquina de calcular, extrair a raiz quadrada ou calcular o percentual para resolvê-los. Eu os encaro como um desafio, mais uma etapa da minha evolução. E meus sonhos, sendo realizados ou não, continuo acreditando. Porque sonhar é elevar a alma a um nível não natural. Meus erros e enganos do passado, durante muito tempo me martelaram a cabeça, e usando da matemática preferi subtraí-los da minha mente. Sei que muita coisa ainda está por vir, pra supostamente somar às minhas conquistas. Sei também que o pior pode acontecer espero estar preparado pra sempre me manter de pé. Matematicamente é impossível expressar minhas exatidões de maneira clara, porque eu sou sempre assim, meio surtada, que odeia a falta de oxigênio das obrigações. Talvez por isso, me reinvento sempre que a vida me exige um pouco mais, mas espero me reinventar quando eu mesma precisar de mim, porque um dia eu me olhei no espelho e vi refletido nele a única pessoa capaz de me fazer feliz em meio a tantos problemas.
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- Jenny -
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. Xadrez entre amigos .



Homens jogam sim!


Adoram o jogo dos sentimentos.
Aquele que te ilude e te corrói por
dentro, q
ue te faz pensar que está sendo amada mas no fundo só quer acabar com seu hímen.


Parabéns rapazinho, você foi um bom jogador, soube direitinho como me fazer de idiota, soube me iludir, brincar com meu coração. Soube me fazer sorrir durante uns meros instantes de atenção. Você soube como ninguém fazer tudo isso, e nunca mereceu um texto meu até hoje, nunca me deu motivos que me inspirasse escrever pra você, e você sempre reclamava por isso. Sempre escrevi sobre meus casos complicados e mal resolvidos, mas nunca a seu respeito e você me cobrava. Talvez eu achasse que tudo era tão perfeito enquanto só existia a gente, a nossa história, eu e você e mais ninguém pra atrapalhar. Eu sempre soube dos seus casos lá fora, mas isso não me assustava porque eles sempre permaneciam assim, lá fora. Até o momento que você quis estragar tudo. Querendo me esconder. Querendo me ter em segredo. E isso hoje não me ilude mais.
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Sei quem é você, sei o que você faz. Eu sabia que era só mais uma de suas jogadas sujas e trapaceiras, mas por um tempo eu pensei que podesse virar o jogo. Mas não, você era o Rei, a peça mais valiosa, e eu a Dama, a peça mais poderosa, porém todo esse poder não permitiu te capturar e te dar xeque-mate. Eu fui apenas mais uma peça no seu tabuleiro. Apenas mais uma que foi sua, mais uma que te venerou, mais uma que viveu você e tudo só tinha que ser com você. Eu não queria, juro que não queria chegar a esse ponto. Mas talvez, por você ter sido mais um em minha vida, que me usou em seus joguinhos, esses que os homens fazem pra se sentirem seguros, esses a quem eu dediquei à maioria dos meus textos, quem sabe por isso, hoje você mereça um texto meu. E não vai ser só por eu ter sido usada em uma de suas partidas de xadrez que eu vou me igualar a você. Brincando com os olhos dos outros, com as mãos, com a boca e principalmente com o coração. Não se brinca com o sentimento dos outros. Não vou dar continuidade a esses jogos que pessoas mimadas e inseguras fazem pra se livrar da solidão. Eu não.

Eu não!

- Jenny -
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. Baseado em Fatos Reais.

. "Eu quero estar viva e permanecer te olhando profundamente" .

Meus olhos ainda não sabem dizer tudo o que eu sinto. Eu acho que eles dizem pouco ao meu respeito. Deve ser porque às vezes tento fazê-lo mentiroso para aprisionar seu real sentido. Mas como não posso ver meu olhar, contento-me em ver o seu, mirando um futuro que, infelizmente e por enquanto é diferente do meu. A inconstância das minhas atitudes tornou cada vez mais distante o futuro eu e você. Mas essas coisas não me assustam porque eu ainda nem terminei de planejar uma história pra nós dois. Um espetáculo que vai ser campeão de vendas nas bilheterias, cheio de palavras bonitas, atitudes sensatas e todas essas coisas pequeninas que tornam um relacionamento grande, pelo menos até o momento em que eu acordar.
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Certas vezes meu olhar me condena, também não se pode nega um olhar 24h por dia, por mais que queiramos, é inevitável. É impossível se fazer mentiroso na vida durante muito tempo, apesar de vivermos em um palco cheio de cenários monstruosos, e atores coadjuvantes que dão realmente sentido a nossa caminhada. São os que nos fazem exercer, colocar em prática, todos esses sentimentos confusos que fazem questão de existir dentro da gente.
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Sentimentos esses que não fazem a menor questão de se esconder quando trato de você. É, você. Você que faz minhas manhãs terem sentido e minhas noites de insônia serem mais agradáveis. Você que também me corrói por dentro, mas que não se preocupa com o que vai acontecer depois. É todo esse seu desinteresse que me impulsiona ainda mais em sua direção, e me inspira cada vez mais em nos descrever nessa minha trilha de sentimentos. Minha porque você ainda não sabe que faz parte dela. E eu descrevo essa história mesmo sabendo que você a descreve em versão diferente, numa verão em que eu não sou a atriz principal e muito menos nós somos o casal perfeito que tentam separar.
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Eu prefiro permanecer com esse meu olhar, que não tem grandes segredos, apenas pequenos mistérios. Esse meu olhar fácil e difícil de entender. Quem sabe um olhar que compreende tudo que se passa aí por dentro desse seu coração difícil de se alcançar, cercado com muros altos, quem sabe ele entenda o que realmente é ser você melhor do que você próprio, que não se compreende e não se aceita como é. Quem sabe ainda existam cenas finais pro nosso grande Best Seller. E quem sabe eu ainda consiga colocar no final "Baseado em fatos reais".
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- Jenny -
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. O Melhor e o Pior de mim .


Às vezes, minha consciência me julga indecente. Também, com todos esses desejos sórdidos e meu rosto vário de quem não se importa em esconder, que consciência me daria outra sentença? Olho-me no espelho com certo espanto, como se assistisse em mim mesma um espetáculo cheio de episódios excitantes e toda essa confusão que é ser eu. Toda essa indiscrição e essa falta de segredos vetam qualquer forma de te fazer um confidente, aquele com quem eu passaria horas saboreando cada gota de palavra dita, cada som das palavras descritas, àquele a quem eu contaria minhas crises sempre muito picantes, sempre sujas. Das pequenas às grandes histórias, até mesmo as que avermelham a maçã do meu rosto me deixando com um ar pouco mais beata. É toda essa indecência que eu sou que te afasta de mim e ao mesmo tempo te atrai. É tudo isso que eu sou com minhas inconstantes insensatez que te faz querer saber quem sou de verdade. Quem sou eu que te corrôo, que aguça sua curiosidade em saber mais dessas sensações que você até entende, mas que não consegue explicar. Sei que isso me prejudica, sei que ser assim pode sim me fazer sofrer, mas pensa bem, se não fossem toda essa lama e esse passado de absurdos majestosos e toda essa minha insistente maneira de achar a minha busca por si só, nada faria sentido. Eu seria apenas mais uma que passou pela história em uma frase do livro da vida em um parágrafo curto sem clímax. É toda essa minha indecência indiscreta e inconstante que torna o que há de melhor e pior em mim, o meu quilate.
- Jenny -

. O Tempo Todo .

Eu estava bem ali, o tempo todo, ele também, sempre com seu ar de "olha como você não vale nada", e eu sempre rindo de como ele pensava sobre os meus atos, eu que sempre fazia questão que ele fosse o primeiro a saber de tudo, exatamente tudo, até aqueles detalhes que você tem vergonha de contar pra um homem sabe, mas pra ele, não existia timidez, soltava tudo mesmo existindo tanta sujeira em minhas atitudes, nem eufemismo eu usava, era tudo colocado pra fora da forma mais verdadeira, mesmo que fosse nua e crua.
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Ele que estava ali o tempo todo, eu também, sempre com o meu ar de "olha como você é egoísta", e sempre rindo de como eu achava absurdas suas atitudes, e ele que sempre fazia questão que eu fosse a primeira a saber de tudo, exatamente tudo, mesmo consciente que eu iria discordar da maioria e colocar mil defeitos em cada passo das suas aventuras sujas. Não era usada hipérbole porque essa é característica minha e não dele, então usava o método prático que sempre funcionou "Jenny, pra mim você é homem".
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E de tanto eu estar ali, ele também, sempre com o nosso ar de "olha como somos iguais", e nós sempre rindo de como pensávamos sobre nós mesmos, e de como fazíamos questão de nos colocarmos em primeiro lugar em tudo, exatamente tudo, que de algum modo estávamos tão juntos que tudo se esclareceu, da forma como sempre fomos, sujos. Não podia ser diferente, então resolvemos viver numa grande sujeira, e o problema, ou não, é que acabamos gostando de toda essa podridão.
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Chegamos ao ponto de que tudo faz e não faz sentido, em que tudo é claro e escuro ao mesmo tempo, estamos perdidos em nós mesmos, na bagunça que veio se formando, e a gente com preguiça de arrumar foi deixando pra depois. O fato é que agora está tarde pra arrumar, e fugir não resolverá nada. O tempo passa e a adrenalina, o peso, o gostar da situação aumenta e complica nossos sentidos. Jogando-nos de um lado para o outro na confusão dos sentimentos.

. Quase incompleta .

Tudo começou como uma brincadeira natural e foi crescendo tomando proporções até chegar um ponto onde não soubemos controlar. Nós somos tão iguais, tão sujos. Não valemos nada e por isso estamos assim presos um ao outro, ligados por nossas coincidências, acorrentados e sem intenção de nos libertar um do outro. E isso vai me absorvendo, e me vejo assim completamente dependente da tua existência. Cada um foi se encontrando no outro, um se vendo cada vez mais presente no outro. Era tudo tão bom que a gente resolveu não parar de se ter. Tínhamos um ao outro e isso bastava, e a gente queria sempre mais! Mais um do outro, mais de nós, mais da gente e da nossa exatidão. Nos dizíamos coisas sem falar, sentíamos um ao outro sem sequer se tocar. Ríamos de assuntos bizarros e tudo era perfeito. Eu ali pra você e você ali pra mim, e a gente se mantinha assim, se completando, se gastando e nos repondo do outro.
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Mas acho que a gente se completou tanto que passamos a transbordar. Estávamos cheios demais pra caber mais da gente em nós. Até que um dia a gente estourou e não nos preocupamos em catar cada pedaço de nós espalhados pelo chão. Depois de um tempo quando resolvemos pegar tudo de volta já era tarde, porque começamos a nos encher de outras coisas e outras pessoas. E tudo que era nosso, que recolhíamos do chão não cabia no nosso mundo, caía pelos meus braços, por mais que eu agarrasse pra não te perder de novo, sempre acabava assim, caindo e se perdendo pelo caminho.
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Quanto de nós ainda deve estar espalhado pela rua? Por mais que eu absorva tudo de outras pessoas nunca me completo como antes, quando o que me fazia inteira era nossas coincidências. Por mais que eu me veja em alguém como me via em você, por mais que eu veja meus atos em outros como via em você, não tem comparação, éramos como um espelho e seu reflexo, um de frente pro outro, agindo da mesma maneira que o outro, mas por um azar, ou ironia do destino, nosso espelho se quebrou e por mais que a gente juntasse todas as partes não formávamos mais uma imagem perfeita de nós. E infelizmente, como eu não me contento com metades e você não se contenta me ter em migalhas, jogamos tudo fora pra que o pouco que restou da gente não ocupasse muito espaço, aí acabamos pensando cada vez menos em nós, até esvaziar-nos e nos esquecermos completamente. Quase.
- Jenny -
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. Limpando o Armário .

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Ficar com alguém sempre foi uma tarefa simples, era como escolher sapatos em liquidação. Alguns saiam até de graça, você pegava, usava e depois de um tempo não te servia mais, aí vinha a fácil tarefa de passá-lo a diante ou simplesmente jogá-lo fora. Mas como todo sapato novo que se preze, no inicio ele acaba te machucando, e eu ia achando isso tudo normal, bom mesmo é esperar que ele fique velho. Mas a minha insensatez misturada com a impaciência de esperar esse dia chegar, me fazia descartar todos os meus ‘sapatos’ antes mesmo que chegassem a ficar confortáveis e calçáveis. Como toda mulher eufórica por liquidação, nunca fui de pagar caro pra ver, aliás, não sei se isso é um defeito, afinal não me arriscar evita sofrer, porém ao mesmo tempo pode me privar de alegrias que eu nem sei se viveria, só saberia arriscando. Mas como toda alegria nunca chega a ser felicidade, alegria é sempre passageira. Eu nunca imaginei que alguém como eu, livre desses famosos casos de apegação, dessas famosas neuras que toda mulher tem quando acha que encontrou o cara certo, onde o cara era apenas mais um que se vai que eu deixei de dar atenção, logo eu, quis estourar meu cartão de credito arriscando. E lá se foi meu cheque especial... E de que me adiantava todos aqueles sapatos quando apenas um fazia meus olhos brilhar, pela primeira vez eu me vi dependente daquela situação, de querer e simplesmente não ter. Eu nunca fui de desistir fácil assim do que eu queria, porém agora, abro mão de todas essas liquidações, de todos esses off e saldos dessas grifes baratas. Eu jogo tudo isso fora e refaço o meu guarda roupa, porque sei que tem algo muito melhor esperando por mim, e não serei aquela que vai correr atrás. Esse vai vir até mim, não implorando por minha atenção, mas conquistando os espaços entre os abraços não deixando sobrar nenhuma fresta para essa droga de insegurança da solidão.



- Jenny -

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